Deus! que pouco que sabia
eu em qual viço vivia
quand'era [c]om mia senhor!
E que muito me queixava
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dela, porque nom pensava
de mim, e nom gradecia
a Deus qual bem mi fazia
em sol me leixar veer
o seu mui bom parecer!
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Mais em gram sandez andava
eu, quando me nom pagava
de com tal senhor viver!
E que melhor bem querria?
Ah, m'end'ora pagaria!
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Mais esto a mim quem mi o dava,
este bem, que nom m'entrava?
Non'o houvess'hoj'eu melhor
e vivess'em tal sabor!
Mais logo m'ar mataria
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um cor, que hei, de folia
mui comprid[o] e d'amor,
que per poucas m'ar matava
quand'eu mia senhor catava:
em tal coita me metia
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que conselho nom sabia
eu de mim, como fazer
por dela mais bem haver!
Mais se eu nunca cobrava
o viç'em que ant'estava,
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saber-lh'-ia bem sofrer
seu amor! E nembrar-m'-ia
que [sem] ela nom podia
viver, quand'alhur morava:
tam muito a desejava!
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Mais eu com este pavor
seria bom sofredor!
