General Note
O trovador começa por dizer à sua senhora que se espanta de como conseguiu suportar a dor que o seu amor lhe causa. Mas que se espanta também com o facto de ela deixar morrer assim o seu home, isto é, o seu vassalo. E até ao final da composição, o trovador vai servir-se exatamente das regras e do vocabulário do contrato feudal, sobretudo na parte relativa ao dever de ajuda, o qual implicava que o senhor tinha por obrigação socorrer os seus homens ou vassalos em perigo.Assim, uma senhora a quem Deus deu tanto discernimento, deveria lembrar-se do seu home coitado e condoer-se dele (2ª estrofe); pois só ela lhe poderá valer, estando ele disposto a fazer o que lhe der mais prazer, incluindo morrer (3ª estrofe); e se bem que ele estivesse disposto a calar a sua mágoa e a deixar-se morrer (4ª estrofe), se fala é unicamente porque receia que esta morte cause dano à sua reputação (devido ao já referido dever de ajuda). E termina pedindo-lhe que não faça esse crime.
O recurso ao universo jurídico das relações de vassalagem parece ter a preferência de Martim Soares, que o retoma em várias das suas cantigas de amor.
Resources Words "Rima"
(v. 1 de cada estrofe)<br><i>mia senhor</i>