Que muitos [os] que mi andam preguntando

General Note

Esta composição é a última de uma série de quatro cantigas onde o trovador faz um jogo com a identidade da senhora amada, a partir de três nomes femininos (Joana, Sancha e Maria). Aqui o tormento do trovador tem a ver com as insistentes perguntas que todos lhe fazem, querendo saber qual delas é, de facto, a sua senhora, perguntas a que ele não responde, tão ocupado está a pensar nela. Para os evitar, vai-se afastando, mas sem sucesso, já que o chamam e insistem. Atitude que o deixa surpreendido: na verdade, se não podem resolver o seu caso, por que motivo quererão saber? Na última estrofe, ele generaliza: nenhum homem razoável deveria fazer tais perguntas, o que seria uma atitude fácil de seguir se essa pessoa tivesse em conta o provérbio "não faças aos outros o que não queres que te façam a ti". Mas, na primeira finda, ele reafirma que não é isso o que se passa: não param de lhe fazer perguntas, assim o perturbando nos seus pensamentos. E termina, na segunda finda, exprimindo o desejo de que aquele que pergunta se veja na sua mesma situação.
Sendo certo que as quatro composições partem claramente do modelo da cantiga de amor, desenvolvendo um dos seus elementos mais típicos, o segredo quanto à identidade da amada, também é certo que o sentido destas referências muito concretas aos nomes das três donzelas parece ser inegavelmente jocoso, razão pela qual teremos de considerar o seu género incerto.