General Note
Mais uma cantiga que nos transporta para os campos de batalha da chamada Reconquista cristã, e na qual Afonso X, com um realismo pleno de ironia, nos traça o quadro do terror dos soldados-vilãos (os coteifes) à aproximação da cavalaria inimiga, os temíveis genetes africanos muito certamente os voluntários benimerins de Marrocos (que se caracterizavam pelas cabeças rapadas3), vindos em auxílio do rei de Granada, no contra-ataque muçulmano que este rei protagonizou por volta de 1264, e de que resultou a derrota das tropas cristãs em Alcalá la Real2.O refrão inicial, com o seu ritmo muito vivo, se não é caso único nos cancioneiros, é, no entanto, pouco habitual. Como lembra Carolina Michaelis (nota 47)1, o modelo métrico desta cantiga parece ser o da cantiga 24 do trovador catalão/ provençal Guilem de Berguedà (Un trichaire/ preste laire/ vol que chan pus suy chantaire).
Resources "Ateuda"
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Bibliographic references
1
Vasconcelos, Carolina Michaëlis de
(2004),
"O almoço dos reis hispanos", in Glosas Marginais ao Cancioneiro Medieval Português (trad. do texto de 1905),
Coimbra, Acta Universitatis Conimbrigensis
2
González Jiménez, Manuel
(1999),
Alfonso X,
Burgos, Editorial La Olmeda, 2ª Ed.
3
Martinez-Gros, Gabriel
(1997),
Identité andalouse,
Arles, Actes du Sud