General Note
Martim Moxa dirige-se novamente ao Amor, numa bela cantiga que, nem por ser de refrão, é menos artisticamente elaborada. E é isto que lhe diz: embora não desistindo de amar, nem desistindo de tentar obter o seu favor e de agradar à sua senhora, por mais que faça, contra a sua desventura nada lhe vale - nem amar, nem servir, nem razão ou comedimento,nem ficar calado ou pedir.E ele até se contentaria se, em troca da sua dedicação, a sua senhora se limitasse a aceitá-lo como servidor, como diz na 2ª estrofe. Ou se se mostrasse pelo menos um pouco agradecida, como acrescenta na 3ª, pois, neste caso, poderia ter alguma esperança. E cita a este propósito, na 4ª estrofe, um provérbio antigo, cujo sentido é semelhante ao do atual "quem espera sempre alcança". Nada, mas nada lhe vale.
A cantiga termina, no entanto, com uma finda otimista: já que Deus lhe concedeu amar tão grande e nobre senhora, esperará dela a compaixão que decerto não lhe irá falhar.