Agora me part'eu mui sem meu grado

General Note

Cantiga de amor que desenvolve, de forma imaginativa e algo paródica, o tradicional tema da morte de amor (no caso, porque a senhora parte). De facto, a espécie de risonha ameaça pública (digo-vos em concelho, v. 14) de que a inevitável morte que a dama lhe infligirá poderia ser vingada pela sua linhagem (vs. 16 e sgs.), bem como o desejo, expresso no final, de que Deus a desampare, são motivos muito pouco ortodoxos no canto de amor galego-português. Mantendo-se nos limites do género, Pero da Ponte aproveita, pois, o direito feudal para subverter as normas do segredo e da aceitação incondicional dos ditamos da senhor.
É possível, como propõe Vicenç Beltran1, que esta cantiga parodie, mais especificamente, a cantiga de amor do trovador provençal Guiraut de Riquier (presente na corte de Afonso X de 1271 a 1280) Fis e verays e pus ferms, que no suelh. Formalmente, pelo menos, a rara utilização que Pero da Ponte faz do leixa-pren (cada estrofe repete o último verso da anterior) parece ser claramente inspirada por Riquier, que o utiliza em várias composições.
A ser assim, Pero da Ponte terá composto a sua cantiga pouco depois da de Riquier, datada, segundo Beltran, de 1275.
Resources Words "Perduda"
v. 8 de cada estrofe
Bibliographic references
1 Beltran, Vicenç (2005), La corte de Babel. Lenguas, poética y política en la España del siglo XIII, Madrid, Bredos Access the web page