- Escudeiro, pois armas queredes

General Note

Sátira a um escudeiro aspirante a fidalgo. Embora a rubrica da cantiga pareça à primeira vista dizer que se trata de um diálogo entre D. Lopo Lias e esse escudeiro, o facto é que, na cantiga, quem faz o interrogatório ao escudeiro é, explicitamente, um D. Fernando, não parecendo crível que seja este um nome fictício, atrás do qual se esconderia o trovador, como crêm Lapa3 e Pellegrini2. Assim, a parte final da rubrica que acompanha a composição, e el non'o tinha por dereito e diss'assi, pode referir-se apenas ao motivo que teria levado Lopo Lias a compor a cantiga e não ao diálogo que ela põe em cena, diálogo esse que poderá ter sido presenciado ou imaginado pelo trovador.
De resto, é bem possível que esta pequena composição se insirisse no mesmo contexto político do extenso ciclo que o trovador dedicou aos infanções de Lemos. Neste sentido, Vicenç Beltran supõe que este D. Fernando seria D. Fernando de Lara1. No entanto, se tiver fundamento a hipótese que formulamos na Nota Geral à primeira cantiga desse ciclo, é possível que se trate antes do então jovem monarca Fernando III.
Bibliographic references
1 Beltran, Vicenç (2009), “Lopo Liáns, em cas da Ifante”, in Medievalismo en Extremadura - Estudios sobre Literatura y Cultura Hispánicas de la Edad Media, Cáceres, Universidad de Extremadura Access the web page
2 Pellegrini, Silvio (1969), "Il canzionere de D. Lopo Liáns", in Annali dell'Istituto Universitario Orientale - Sezione Romanza, XI,
3 Lapa, Manuel Rodrigues (1970), Cantigas d'Escarnho e de Maldizer dos Cancioneiros Medievais Galego-Portugueses, 2ª Edição, Vigo, Editorial Galaxia