General Note
Esta tenção entre Vasco Gil e Afonso X tem como pretexto um manto que, pelo que nos é dado perceber, alguém (ou o próprio D. Vasco) teria emprestado ao rei (na caça, numa aventura noturna?), manto esse que rei teria feito substituir por um melhor, ao restituí-lo ao seu legítimo proprietário. Trata-se, pois, pelo menos aparentemente, de uma brincadeira entre os dois adversários, que Afonso X aproveita para, no final, enviar um remoque a um cavaleiro da Ordem do Hospital, que não sabemos se será o próprio Vasco Gil (fidalgo português de quem se sabe ter, de facto, feito doações à Ordem, sem se poder assegurar que dela tenha sido cavaleiro), ou um outro cavaleiro difícil de identificar. Seja quem for esse cavaleiro hospitalário, é provável, no entanto, que o rei português com vontade de "fazer habilidades", também citado neste final, seja D. Sancho II (de quem Afonso X, ainda infante, foi aliado), e que a alusão tenha como motivo próximo a atitude dos Hospitalários durante a guerra civil que conduziu à sua deposição (fortemente beneficiados por D. Sancho, os Hospitalários acabaram, na verdade, por abandoná-lo). Recentemente, no entanto, Kurtz2, num estudo detalhado da cantiga, sugeriu que este rei poderia ser Afonso III.A composição deve ser, pois, pouco posterior à guerra civil portuguesa, e datar, como sugeriu Carolina Michaelis1, do primeiro ano do reinado do Rei Sábio (1252).
Bibliographic references
  
        1
              
  Vasconcelos, Carolina Michaëlis de
  (2004),
  "Uma cantiga de manto", in Glosas Marginais ao Cancioneiro Medieval Português (trad. do texto de 1905)
    Coimbra, Acta Universitatis Conimbrigensis
  , 110-131 
  
    
  
      
                
        2
              
  Kurtz, William S.
  (2013),
  "Propuesta de interpretación de Rei D. Afonso, se Deus vos pardom", in Revista de História da Sociedade e da Cultura, 13
    Coimbra
  
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