General Note
Curiosa paródia aos amores de um tal Pedro Cantom, infelizmente cheia de pontos obscuros, motivados pelas numerosas referências difíceis de contextualizar (incluindo a identidade do visado). À primeira vista, parece tratar-se de uma sátira a um apaixonado que jura um amor eterno e pungente, mas de cuja duração e sinceridade se duvida. No entanto, pelas diversas alusões da cantiga, talvez se possa entender que o verdadeiro amor deste Pero Cantom seria o vinho (e as declarações de amor feitas sob o seu efeito). Uma outra hipótese de leitura é a de a composição ser uma espécie de cantiga de amigo parodística, dita por uma mulher – que confessaria os seus amantes face ao platonismo do tal Pero Cantom. Vicente Beltran1 sugere ainda a hipótese de a cantiga se relacionar, de alguma forma, com os problemas financeiros e familiares para os quais a biografia do trovador parece apontar. A dupla referência, que encontramos na cantiga, a um tio e um parente do trovador poderá dar alguma plausibilidade a esta hipótese. São pistas de leitura que o leitor poderá ou não seguir.A cantiga é ainda curiosa pelo emprego que faz do e paragógico nas terminações nasais em on (cantone, tapone, etc.) – o que poderá ser um recurso para acentuar o ridículo, ou um mero arcaísmo gráfico dos copistas.
Bibliographic references
1
Beltran, Vicenç
(2005),
La corte de Babel. Lenguas, poética y política en la España del siglo XIII,
Madrid, Bredos
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