Disse um infante ante sa companha

Não é absolutamente seguro que a composição seja efetivamente da autoria de Fernando Esquio, uma vez que, nos manuscritos, ela está separada das composições anteriores deste trovador pelas do judeu Vidal, e vem identificada apenas por um nome que parece ser em B Fernand e em V Ernan (sem apelido, em ambos os casos). Mas, uma vez que a Tavola colocciana (que não refere Vidal) atribui 4 composições satíricas a este trovador e há um erro de numeração em B, a maioria dos investigadores inclina-se a dar como provável esta atribuição.
Fernando Esquio

General Note

Cantiga dirigida a um grande senhor (um Infante não identificado) que tardava a entregar o cavalo prometido para a zona de guerra. O trovador faz uma descrição imaginária desse tão prometido animal, comparando-o, nomeadamente, à Besta Ladrador, animal fabuloso das novelas de Bretanha1 (e cuja caraterística principal era exatamente aparecer e desaparecer subitamente). A descrição detalhada do prometido cavalo, assentando exclusivamente na enumeração de paradoxos, de pares de propriedades que desafiam o princípio da não contradição (não é gorda nem é magra, por exemplo), é um original modo de indiciar a penúria ou a falta de palavra do Infante.
De resto, atendendo à cronologia provável de Fernando Esquio e também a referência que faz à fronteira de guerra, não é impossível que este Infante fosse D. Sancho (futuro Sancho IV de Castela), podendo neste caso inserir-se a cantiga no contexto do conflito sucessório que manteve com seu pai, Afonso X.
Acrescente-se que as duas últimas estrofes só vêm no Cancioneiro da Biblioteca Nacional e em muito mau estado, tornando a sua reconstituição quase impossível.
Bibliographic references
1 Pichel, Ricardo (2019), "O maldizer e o universo artúrico en Esquio", Olga, Revista de poesia galega en Madrid, Access the web page