De como mi ora com el-rei aveo

General Note

Esta curiosa cantiga, a única que nos chegou deste trovador, faz parte do reduzido número de composições que, nos cancioneiros, criticam diretamente figuras reais. Nela, Afonso Cubel queixa-se amargamente do seu rei, por este o ter espoliado da sua legítima herança, sem em troca lhe dar qualquer outro meio de subsistência.
Não sabemos exatamente de que rei se tratará, mas o contexto parece relacionar-se com o esforço régio de fixação de populações nas zonas conquistadas ou em zonas de conflito, através da fundação de vilas, como se percebe pela queixa que abre a composição (a criação de uma povoação no meio das suas terras). Afonso III ou D. Dinis poderão assim ser, eventualmente, os destinatários. Vicenç Beltran (20011), no entanto, sugere que o rei em causa será antes Afonso X, e que a cantiga se deverá integrar no ciclo que alude a um dos conflitos centrais do seu reinado, a rebelião dos principais ricos-homens o reino (os quais, de facto, e entre outros agravos, contestavam vivamente a política de repovoamento do monarca). A ser assim, esta queixa aparentemente pessoal seria, na verdade, um expediente utilizado pelo trovador para dar voz (e denunciar) algumas das queixas dos revoltosos. A escassez de dados biográficos relativos a Afonso Cubel constitui, no entanto, um obstáculo a uma contextualização segura desta sua única cantiga.
A terceira estrofe e a finda só vêm transcritas em B, e muito deturpadas, pelo que o final da cantiga levanta alguns problemas de leitura e interpretação.
Bibliographic references
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