Nota geral
Cantiga que Martim Moxa terá feito depois de um período de relativo silêncio poético, como refere no v. 3. O seu ponto de partida é a crítica que, segundo o trovador, muitos lhe fazem, apontando-lhe uma eventual incoerência: na verdade, dizem, se afirmou numa sua composição (que não conseguimos localizar, pelo que se terá perdido) que não queria viver sem uma senhora a quem amar, e se, entretanto, deixou de fazer trovas, é porque, afinal, desistiu do amor. Embora preferisse guardar silêncio sobre os seus males, é esta crítica que ele vai rebater a partir da segunda estrofe, sobretudo porque, diz, já não suporta tantos intrometidos.Garantindo, pois, que continua a amar a sua senhora, explica que deixou de trovar, antes de mais, porque sabe que ela se desgosta com essas confissões de amor. Mais: falando das suas mágoas, alegrará os que lhe querem mal e afligirá os que lhe querem bem. De resto, como acrescenta na 4ª estrofe, as trovas de nada lhe valerão perante a sua senhora, a sua única vantagem sendo poder desabafar um pouco as suas mágoas. Mas as desvantagens são maiores: se a sua senhora se desgostar, a sua dor será incomensurável. E isto ele quer evitar, e ninguém de bom senso o poderá criticar por isso.
Recursos Palavras Rima
(v. 4 de cada estrofe)<br><i>amor</i> (I, II), <i>vem</i> (III, IV)