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Song of a Wronged Troubadour
- Never have I seen such wrong
- as what this nobleman does to me,
- and everybody in these parts
- knows exactly what I mean:
- the nobleman, whenever he likes,
- goes to bed with his sweet wife
- and doesn't pay me the slightest heed.
- He'll never be afraid of me
- but scorn me like he's always done,
- and his wife, whom he adores,
- will always bear him lots of sons;
- he even gave his own last name
- to the three children that I made
- without giving me a shred of credit.
- My pain is such that I'm sure it must
- be worse than any other kind:
- he takes my lady off to bed,
- says she's his and spends the night
- in peace without a second thought,
- and when she bears a son or daughter,
- he doesn't recognize it's mine!
[English version by Richard Zenith]
Nota geral
Sátira a um infanção que, por uma vez, sai fora do tradicional ataque à sua pelintrice, para se centrar na sua vida conjugal. Guilhade queixa-se de não receber nada em troca dos serviços prestados, que incluem o de ser pai dos filhos que o infanção julga seus. De facto, o desdém que o infanção lhe vota, impede-o de ver a óbvia situação de ele ser amante da mulher (a sua senhor. como a designa, num uso irónico da terminologia trovadoresca).Para além do retrato social do nobre arrogante (e estúpido), note-se a completa inversão dos papéis do amante e do marido que o trovador aqui opera. O amante cortês, cujas aventuras amorosas dependem, em princípio, do “segredo”, reclama o direito de publicamente dar o nome a uma prole, e considera o marido legítimo como obstáculo ao reconhecimento legal dessa paternidade, expresso pelo termo jurídico “outorgar” (v. final). Com este original expediente, Guilhade volta a explorar o lado “realista” do amor cortês.