Marinha, ende folegares

A composição é, em B, atribuída a Pero Viviães, e em V, a Afonso Eanes do Cotom. Uma parte dos editores, por razões que se prendem essencialmente com a perfeição do trabalho do copista de B encarregado destes folios, têm considerado a atribuição a Pero Viviães mais plausível. Rodrigues Lapa1, no entanto, e por razões temáticas que parecem igualmente justificadas, integra-a na obra de Cotom. Na falta de dados suplementares, sua autoria continua, pois, duvidosa.
Bibliographic references
1 Lapa, Manuel Rodrigues (1970), Cantigas d'Escarnho e de Maldizer dos Cancioneiros Medievais Galego-Portugueses, 2ª Edição, Vigo, Editorial Galaxia
Pero Viviães ou Afonso Anes do Cotom
Translate to English
Song to an Unexploding Woman
  • Look at my confounded state –
  • Marinha, how you fornicate!
  • I must say, it quite astounds me
  • that you haven't yet exploded,
  • since with my mouth I cover
  • your mouth completely over,
  • and with my nose I close
  • the nostrils of your own,
  • and with my hands your ears I hide,
  • and with my brows I hide your eyes,
  • and as the first sleep comes
  • my cock fills up your cunt,
  • and my balls your rear,
  • until in you I disappear.
  • How do you not explode, Marinha?

[English version by Richard Zenith]

Nota geral

Cantiga extremamente licenciosa, esta que o trovador dirige à soldadeira Marinha (que talvez seja a mesma Marinha Sabugal satirizada numa cantiga de Afonso Eanes do Cotom). É de salientar a estrutura versificatória da cantiga, muito original.
Acrescente-se ainda que a cantiga está bastante estropiada nos dois códices, o que torna difícil a leitura de alguns passos.