Nota geral
Marinha Lopes pretende afastar-se para um lugar isolado - a casa de D. Lopo Díaz de Haro, senhor da Biscaia, distante das vilas e cidades por onde anda a corte, parece-lhe, pois, conveniente. O problema, segundo Pero da Ponte, é que, procurando refúgio nesta grande casa senhorial, ela arrisca-se a estar rodeada pelos mais de mil homens de armas que D. Lopo tem ao seu serviço.Para além deste sentido erótico mais ou menos óbvio, Vicenç Beltran1 é da opinão que a cantiga teria igualmente um sentido político mais profundo, relacionado com as complexas relações dos Haro com a corte castelhana. Sugere assim que ela poderá datar de 1255, e aludir a um momento em que o ainda jovem D. Lopo, continuando a rebelião de seu pai (recentemente falecido) contra o rei castelhano, se vê abandonado pelos seus aliados (o infante D. Henrique e o rei D. Jaime I de Aragão), tendo de defrontar sozinho o poder real. Seria esta circunstância que, nas palavras de Beltran, daria cabal sentido "a la paradoja de una penitente que sufre la más lacerante soledad rodeada de mil caballeros".
Referências
1
Beltran, Vicenç
(2005),
La corte de Babel. Lenguas, poética y política en la España del siglo XIII
Madrid, Bredos
Aceder à página Web