Nota geral
Maliciosa cantiga, em forma de cerrado equívoco à volta da questão do peixe em Toledo. Pero da Ponte admira-se de ter visto uma peixota (um peixe comum) abandonada debaixo de uma cama, e à mão de semear, quando sempre lhe tinham dito que o peixe era raro na cidade. E ainda que fosse uma peixota ordinária (de facto, como peixe decente, só têm o salmão), escandaliza-se pelo esbanjamento. Há, claramente, um segundo sentido na composição, que teria a ver com um episódio concreto que desconhecemos. Mas, de qualquer forma, podemos depreender que alguém se esconderia debaixo de uma cama, Peixota podendo ser, com toda a probabilidade, o nome de uma soldadeira. Acrescente-se que Pero da Ponte retoma este mesmo jogo com os termos
peixota e
salmão numa outra cantiga.