Cuidava-m'eu que amigos havia

Nota geral

Incapaz de confessar o seu amor à sua senhora, o trovador começa por lamentar não ter amigos - pois, se tivesse, algum deles teria dó do terrível sofrimento em que anda e poderia eventualmente falar por ele, ajudando-o e nada perdendo com isso. Mas os amigos, que muitas vezes já o ajudaram, nada dizem à sua senhora. Na terceira estrofe, no entanto, o trovador considera esta sua ideia disparatada - e isto porque supõe agora que, se qualquer um deles se mostrasse disponível, quando chegasse perante a sua senhora e visse a sua beleza, logo esqueceria o seu caso, e, apaixonado, falaria antes por ele, se pudesse. Sendo que, como conclui na finda, o mais certo seria esse tal amigo ficar também mudo, nada dizendo sobre si ou sobre ele próprio.
É de salientar o modo como a composição acompanha os avanços e recuos do discurso interior do apaixonado, até chegar a uma conclusão contrária ao seu ponto de partida (os seus amigos de nada lhe valeriam).
A cantiga que se segue nos manuscritos aborda um tema semelhante.