Nota geral
Este brinquedo linguístico faz parte daquele pequeno grupo de cantigas que os trovadores dirigem contra Deus e que constituem, em maior ou menos grau, um jogo com a lógica escolástica, sondando os seus limites. É o que faz João Lobeira nesta cantiga, ao negar que Deus, com todo o Seu poder, possa algum dia retirar-lhe o bem da sua senhor, que ele nunca teve. É, pois, uma jocosa relação entre infinitos o que se estabelece aqui. Não deixando de ser um elogio da dona, a cantiga não é, pois, exatamente uma cantiga de amor. Note-se o dobre nos primeiro e sétimo versos de cada estrofe.Recursos Dobre
(vv. 1, 4, 7 de cada estrofe)<br><i>poder</i> (I),<i> maior</i> (II), <i>val</i> (III)