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Song of a Lover Asking Favor
- – On a fateful day, dear lady, I heard
- you speak and first laid eyes on you.
- – Tell me, friend, since you are hurting,
- what, by God's grace, I can do?
- – Will you show me your favor, lady?
- – I'll do what I can do, my friend.
- – Ever since I heard you speak,
- dear lady, I've only known despair.
- – Friend, what is it you seek
- from me that might relieve your cares?
- – Will you show me your favor, lady?
- – I'll do what I can do, my friend.
- – To see and hear you speak, dear lady,
- took pleasure, peace and sleep from me.
- – So tell me, friend, God allowing,
- what I can do, for I've no idea.
- – Will you show me your favor, lady?
- – I'll do what I can do, my friend.
[English version by Richard Zenith]
Nota geral
Cantiga de amor que desenvolve, de forma ágil e criativa, alguns dos temas obrigatórios do género. Começando por lamentar o dia em que conheceu a sua senhora, o trovador, depois de lhe pedir desculpa por tal afirmação, justifica-a, dizendo-lhe o que perdeu por ela: perdeu o mundo (ou seja, a vida social), entrou em conflito com Deus e consigo próprio (através dos seus olhos, que a viram), os amigos perderam-no a ele, perdeu a razão e só quer morrer, desfecho que, infelizmente, Deus não lhe concede, para o fazer sofrer ainda mais e assim expiar os seus pecados.Na 3ª estrofe, o trovador, mesmo sabendo que isso incomoda a sua senhora, quer-lhe falar um pouco (já quê) deste sofrimento, porque não sabe se a voltará a ver (o que significa que este é um discurso que pressupõe que ele está na sua presença): repete então que morre e que ela deve atentar a isso, pelo seu próprio interesse e não pelo dele. E na 4ª estrofe explica: se ele morrer por ela, ela ficará mal vista - porque (sendo ele seu vassalo, subentende-se), todos a considerarão traidora (por não lhe acorrer). E conclui, na finda, pedindo a Deus que a proteja de tal fama, se ela não se quiser proteger.