Pero m'eu hei amigos, nom hei ni um amigo

Nota geral

A originalidade desta cantiga é o elaborado jogo que desenvolve com o processo conhecido como mozdobre, a repetição, nos mesmos lugares de cada estrofe, de variantes de uma mesma palavra (conforme indicado na sua Descrição, incluída na coluna direita desta página). De resto, o trovador diz-nos que, embora tenha amigos, a nenhum pode confessar as suas mágoas (de amor), nem o seu único desejo: ir para um determinado lugar e nunca mais voltar. Se bem que o trovador nunca explicite que lugar é esse, subentende-se, até pelo vocabulário usado, próprio das cantigas de amor, que será o lugar onde mora a sua senhora (embora a ambiguidade permaneça até ao fim da cantiga, diga-se).
Recursos Dobre
Mozdobre (v. 1 de cada estrofe):<br><i>amigos/amigo</i> (I), <i>coitados/coitado</i> (II),<i> prendo/prenda</i> (III), <i>guardo/ guardar-m'-ia </i>(IV);<br>(v. 3 de cada estrofe - imperf.)<br><i>dizer/digo</i> (I),<i> fui</i> (II), <i>entendo/entenda