Ao daiam de Cález eu achei

Nota geral

Afonso X ataca jocosamente o deão de Cádis a propósito do seu gosto pelos livros eróticos, aliado ao seu pendor para a feitiçaria. Tratar-se-ia de livros árabes, como as referências às mouras parecem fazer entender? (como os sugeridos por Alfonso D'Agostino num artigo3 recente?) De qualquer forma, e numa linguagem bastante crua (embora transposta para a boca do criado que lhe levaria os ditos livros), o que Afonso X pretende dizer é que, com o pretexto de fazer curas milagrosas, ele punha em prática os ensinamentos desses livros com todas as mulheres que lhe passavam perto.
Não havendo dados concretos que nos permitam datar com segurança a cantiga, é possível, como sugere Márquez Villanueva1, que ela tenha sido composta por volta de 1267, ano em que o rei se ocupou, junto do bispo de Sevilha, de alguns problemas fiscais do cabido de Cádiz. Acrescente-se que o deão de Cádiz Rui Dias foi um dos encarregados reais do Repartimento de Jerez, efetuado em 12642. A tratar-se da mesma personagem, é possível que algum desentendimento posterior com o monarca tenha servido de contexto à sua cantiga.
Referências
1 Márquez Villanueva (1983), “Las lecturas del deán de Cádiz”, in Cuadernos Hispanoamericanos, 395,
2 González Jiménez, Manuel (1999), Alfonso X, Burgos, Editorial La Olmeda, 2ª Ed.
3 D'Agostino, Alfonso (2012), "A vueltas con el Déan de Cádiz", Estudios de literatura medieval. 25 años de la AHLM, Murcia, Universidade de Murcia Aceder à página Web