Pois mi nom val d'eu muit'amar

Nota geral

Seguindo imediatamente os cinco lais anónimos que abrem o Cancioneiro da Biblioteca Nacional, esta cantiga de Airas Moniz de Asma é, pois, a primeira composição de um autor identificado transcrita por este cancioneiro (estando ausente do Cancioneiro da Vaticana em virtude de nele faltarem os fólios iniciais).
A cantiga, que apresenta alguns problemas de leitura e de edição, joga com a questão do necessário segredo que os trovadores devem manter em relação à identidade das amadas: dizendo-se desesperado e já sem nada a perder, o trovador propõe-se revelar quem é a cruel causadora dos seus males. Fazendo então o seu elogio (a mais bela, a mais meiga), ele crê que todos a irão reconhecer. Nomeá-la assim publicamente é, pois, a sua vingança.
Acrescente-se que, uma vez que o esquema métrico desta cantiga é igual ao da composição A per pauc de chantar no·m lais do célebre trovador provençal Peire Vidal, é possível, como pensam Paolo Canettieri e Carlo Pulsoni1, que o trovador se tenha servido da música dessa composição (ou seja, que se trate de um contrafactum).
Referências
1 Canettieri, Paolo e Pulsoni, Carlo (1995), "Contrafacta galego-portoghesi", in Medioevo e Literatura. Actas del V Congreso de la Asociación Hispánica de Literatura Medieval, vol. I, Granada, Universidad de Granada