Nota geral
Curta pastorela na qual, ao contrário do habitual, o cavaleiro/trovador não intervém, limitando-se a observar um grupo de pastoras a cantar e a conversar. Na primeira estrofe, depois desta apresentação geral, uma delas canta, em forma de aviso às restantes, uns versos em que conclui, pois o amigo se foi embora sem se despedir, que nenhum é de fiar. Na segunda estrofe, uma outra pastora, não concordando com esta visão tão pessimista, contrapõe que ele decerto em breve regressará, concluindo também com uns versos, mas estes alegremente esperançosos.É possível que estes dois dísticos que terminam as estrofes fossem citações de cantigas de amigo alheias e conhecidas. Infelizmente, não conseguimos localizá.las, se bem que, na obra de D. Dinis, encontremos uma cantiga cujo refrão tem semelhanças com o primeiro destes dísticos (nunca molher deve, bem vos digo,/ muit'a creer per juras d'amigo).
A composição tem ainda o interesse suplementar de incluir uma referência explícita ao célebre Caminho Francês, o caminho internacional que conduzia a Santiago de Compostela.