Ai amigas, perdud'ham conhocer

Nota geral

Cantiga de amigo em forma de lamento pelo abandono a que são votadas as artes do amor e da poesia em Portugal - onde, como nos diz esta voz feminina, os trovadores parecem ter renunciado ao elogio das mulheres e da beleza.
Não sabemos exatamente quando e em que circunstâncias teria João Garcia de Guilhade composto esta cantiga, mas a referência final a uma mudança iminente deste estado de coisas, possibilitada pelo surgimento de "alguém" para quem a beleza não é indiferente, leva-nos a pensar que a cantiga teria sido composta na juventude de D. Dinis, a quem Guilhade prestaria, desta forma, uma homenagem indireta e precoce. Seja como for, o certo é que a forma "cantiga de amigo" desempenha aqui um papel bem diferente do habitual.