Maestr'Acenço, dereito faria

Nota geral

Martim Moxa vira-se contra Mestre Acenço, um físico do rei, compondo um irónico elogio à sua coragem: sozinho, teria conseguido entrar numa povoação inimiga, onde teria matado um cavaleiro - com os seus pós. É provável que a cantiga se insira num contexto político específico, que poderá ser, como sugere Rodrigues Lapa1, a rebelião dos ricos-homens de Leão e Castela entre os anos 1272 e 1274 (como a referência, nos vs. 9-10, aos dinheiros que o rei gasta nos cavaleiros parece indicar). Mas note-se, no entanto, que, no contexto da delimitação real dos termos das cidades, nem sempre pacífica, há notícia de Ardón ter tentado, sem êxito, tornar-se independente da cidade de Léon (O'Callaghan2), e é possível que a cantiga aluda igualmente a este facto. De qualquer forma, e para lá destas alusões, são essencialmente as habilidades médicas de Mestre Acenço que Martim Moxa satiriza aqui.
Referências
1 Lapa, Manuel Rodrigues (1970), Cantigas d'Escarnho e de Maldizer dos Cancioneiros Medievais Galego-Portugueses, 2ª Edição, Vigo, Editorial Galaxia
2 O'Callaghan, Joseph F. (1996), El Rey Sabio. El reynado de Alfonso X de Castilla, Sevilla, Universidad de Sevilla, 2ª ed. 1999