Trovador medieval
Nacionalidade
Galega
Notas biográficas
Trovador da fase inicial da poesia galego-portuguesas, cuja obra se perdeu, mas cujo nome se encontra no índice de Colocci, que nos indica que seria autor de uma cantiga de amor, incluída nos folios iniciais do Cancioneiro da Biblioteca Nacional, hoje desaparecidos.Resende de Oliveira1 (que deteta vários homónimos) e sobretudo, mais recentemente, José António Souto Cabo2, estabeleceram os dados mínimos da biografia do trovador, certamente um dos mais antigos de que há notícia. Documentado entre 1158 e 1181, João Velaz pertencia, por via paterna, a uma importante linhagem galega, ligada aos Trava, sendo filho de D. Vela Guterres (que foi mordomo de Fernando II), o qual era, por sua vez, filho de D. Guterre Bermudes, rico-homem feito conde por Afonso VII. Por via materna (de Sancha Ponce de Cabrera, sua mãe), o trovador tinha ainda ascendência catalã, uma vez que o seu avô, Pôncio II Geraldo (1105-1162), para além de conde em Castela e Leão, era também visconde de Girona e Àger, e senhor de Cabrera, na Catalunha. O filho de D. Pôncio, Geraldo III Ponce de Cabrera (1145-1160), tio do trovador, para além de mecenas (e, nessa qualidade, várias vezes referido por trovadores provençais), pode mesmo ter sido também trovador, se é ele o Giraut de Cabrera, autor de uma importante composição conhecida como Ensenhamen (a dúvida reside apenas na cronologia, alguns especialistas atribuindo a composição a seu filho, Geraldo IV Ponce). Embora de origem catalã, como dissemos, a linhagem dos Cabrera fixa-se na corte leonesa a partir de D. Pôncio, um dos magnates que acompanharam Berengária de Aragão aquando do seu casamento com Afonso VII Raimundes, em 1128. O espaço da corte galego-leonesa é também o da aliança matrimonial dos Cabrera com a linhagem que nela será mais influente, a dos Trava. Nascido talvez por volta de 1145-1155, e fruto dessas uniões múltiplas entre os Cabrera, os Trava e os Velaz, o galego João Velaz será, pois, na opinião de Souto Cabo, não só o nosso trovador, mas também o trovador mais antigo de que temos notícia. A sua morte terá ocorrido entre os inícios de junho e 7 de dezembro de 1181, data em que seus irmãos confirmam doações que tinha feito ao mosteiro de Moreruela e à Sé de Santiago, prova de que tinha entretanto falecido.
Referências bibliográficas
1
Oliveira, António Resende de
(1994),
Depois do espectáculo trovadoresco. A estrutura dos cancioneiros peninsulares e as recolhas dos séculos XIII e XIV,
Lisboa, Edições Colibri
2
Souto Cabo, José António
(2012),
Os cavaleiros que fizeram as cantigas. Aproximação às origens socioculturais da lírica galego-portuguesa,
Niterói, Editora UFF
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