General Note
O trovador começa por dizer que os seus desejos se goraram e o que sempre receou vai acontecer: porque sempre desejou viver perto da sua senhora, e agora tem de partir. Logo na 2ª estrofe, no entanto (e até ao final da composição), ele inicia uma argumentação pelo menos imaginativa, porque assente no equívoco: anunciando que lhe irá fazer guerra, pois o obriga a partir da terra que é sua, diz-lhe que conhece um seu vassalo que irá morrer por isso mesmo. E, como prossegue na 3ª estrofe, ela não o poderá defender; porque, mesmo se ele próprio morrer na luta, levará consigo esse homem, como penhor (note-se que todo o equívoco parte das regras e do vocabulário feudal). Finalmente, na última estrofe, ele acrescenta que, morto esse seu homem, ela jamais lhe poderá fazer mal, já que ficará fora do seu alcance e sem qualquer medo dela.Como se compreende, o trovador serve-se aqui de uma espécie de desdobramento de personalidade, já que o tal homem ou vassalo é ele próprio. Mas o equívoco é suficientemente original para justificar o divertido comentário de um leitor de meados do século XV, escrito na margem do Cancioneiro da Ajuda (nota M, ao último verso): ora pois faze-lho.
O trovador retoma esta mesma razom numa cantiga seguinte.