A cantiga, a última da primeira série de cantigas atribuídas por B a Rui Queimado, vem precedida pela algo misteriosa indicação "Cartuxo", inserida num retângulo, e da mão e letra de Colocci. Como a Tavola Colocciana não assinala nenhum autor com este nome (nem neste passo, nem em nenhum outro), deverá tratar-se de uma indicação de outra natureza. Carolina Michaelis (CA, II, p.174)1, sugerindo que poderá ser erro, não deixa, no entanto, de interrogar-se sobre a possibilidade de se tratar de um nome de autor. Anna Ferrari2, por seu turno, crê que será uma alusão à estrutura do caderno em que se encontra a cantiga de amigo precedente (B 265 - cuja colocação é, aliás, anómala, já que integra a zona das cantigas de amor do cancioneiro, e não, como as restantes cantigas de amigo do trovador, a zona respetiva).
Note-se que no Cancioneiro da Ajuda, aparece idêntica indicação, na margem de uma cantiga de Pero Garcia Burgalês. Aí, D. Carolina sugere que deverá ler-se altuxo, e que se trataria de uma anotação porventura dirigida "ao iluminador, marcando-lhe as dimensões do E, com que havia de principiar a segunda estrofe”. Mas esta explicação, talvez plausível no caso da anotação de A, não colhe, no presente caso.
Face a todas estas dúvidas, deixamos em aberto a possibilidade de a cantiga não ser da autoria de Rui Queimado, mas de um outro autor. Note-se que a cantiga apresenta, de resto, algumas características muito particulares, já assinaladas por Nobiling, pp. 211-2123 (nomeadamente a forma minha, no 1º verso, a rima anómala - ér : -er, ou a métrica).
Rui Queimado
or
Anónimo
Note-se que no Cancioneiro da Ajuda, aparece idêntica indicação, na margem de uma cantiga de Pero Garcia Burgalês. Aí, D. Carolina sugere que deverá ler-se altuxo, e que se trataria de uma anotação porventura dirigida "ao iluminador, marcando-lhe as dimensões do E, com que havia de principiar a segunda estrofe”. Mas esta explicação, talvez plausível no caso da anotação de A, não colhe, no presente caso.
Face a todas estas dúvidas, deixamos em aberto a possibilidade de a cantiga não ser da autoria de Rui Queimado, mas de um outro autor. Note-se que a cantiga apresenta, de resto, algumas características muito particulares, já assinaladas por Nobiling, pp. 211-2123 (nomeadamente a forma minha, no 1º verso, a rima anómala - ér : -er, ou a métrica).
General Note
Pois a sua senhora não quer que ele vá onde ela estiver, o trovador, já que é essa a sua vontade, mostra-se disposto a obedecer-lhe. Mas garante que nunca deixará de a amar, e que o seu mal se vai sabendo, através dos seus olhos (que o querem matar quando a não podem ver).Para além do problema da autoria (que discutimos na nota inicial), a cantiga apresenta caraterísticas muito peculiares (nomeadamente a forma minha no v. 1, em vez do tradicional mia), não sendo fácil de editar. Na nota L discutimos igualmente esta questão.