General Note
Continuação da cantiga anterior, numa nova cena com um Albardam fugitivo (provavelmente de uma qualquer refrega), refugiado na arca de uma tal Urraca Airas, à qual deixa um "presente", muito adequado ao medo que sentiria.Se este é o sentido geral, a segunda estrofe da cantiga é, no entanto, de difícil entendimento, em grande parte porque a sua ligação à primeira não é evidente. Talvez falte uma (ou mais) estrofes intercalares à cantiga. De qualquer forma, a leitura que se apresenta entende que Martim Soares faz aqui um outro equívoco que o nome Albardam possibilita: uma vez ligeiramente alterado ele resulta na expressão a baldam (que é a lição dos mss. e a rima correta para o v. 8). Poderemos, pois, interpretar assim esta segunda estrofe: por um lado a dona da arca está preocupada com o estado do fugitivo e vai-o chamando com medo que ele morra (talvez asfixiado), dizendo com os seus botões "não morra em balde, em vão"; por outro lado Martim Soares estará a chamar-lhe "baldão" (o que se balda - alusão à fuga que é o tema da cantiga).