Nota geral
Embora o seu entendimento não seja totalmente claro, esta cantiga é uma sátira a uma abadessa em forma de agradecimento pelo generoso acolhimento recebido no mosteiro - presume-se que a todos os níveis, incluindo o sexual. O ponto obscuro da cantiga prende-se com a indeterminação de quem teria sido o destinatário de tão efusivo acolhimento, aqui designado por comendador. Três leituras são possíveis: ou o comendador seria o próprio trovador (que seria "herdeiro" desse mosteiro) e a mudança de sujeito, nos finais de cada estrofe, é uma irónica maneira de dizer que o tratamento a que tinha direito teria deixado muito a desejar; ou o comendador é um outro, que recebe todos os favores, enquanto o viajante cansado fica à porta. Ou D. Gonçalo aludirá aqui, na verdade, a uma qualquer usurpação dos seus legítimos direitos em matéria de comendas (situação semelhante à denunciada por um outro trovador, João Soares Coelho, na cantiga que dirige a Airas Peres de Vuitorom). Não sendo possível datar a cantiga, neste último caso, o contexto político da guerra civil portuguesa (1245-1247) seria o mais provável.Recursos Palavras Perduda
v. 3 de cada estrofe
Recursos Palavras Rima
(v. 1 de cada estrofe)<br><i>senhor</i> (I, II),<i> por en galardom </i>(III, IV)