De Pero Bõõ and'ora espantado

Nota geral

Lamento, numa forma próxima do pranto de escárnio, pela morte de um tal Pero Bom, sujeito que seria tão nojento vivo como morto. Pero d'Ambroa joga aqui com os dois sentidos do verbo peer: peidar/dar o último suspiro. Também Pero Garcia Burgalês dedica uma cantiga ao mesmo assunto.
Como acontece em muitos outros casos de sátira pessoalizada, não é impossível que esta composição se inserisse num contexto político concreto, interpretação que parece depreender-se da forma como Pero d'Ambroa alude ao momento em que Pero Bom peeu, ou seja, quando cantavam os galos (v. 22), expressão que parece remeter imediatamente para o campo da traição (a partir do conhecido episódio bíblico da traição de S. Pedro). De qualquer forma, não tendo sido ainda possível localizar este Pero Bom, nada de mais concreto se poderá adiantar.