Nota geral
Pertencendo ao ciclo das quatro composições que Pero Garcia dedica à morte de uma dona amada, esta é a primeira na qual o trovador dirige a sua ira contra Deus, num registo que, na última estrofe, é já nitidamente satírico ou blasfemo.Começando por dizer que já não tem motivos para temer a Deus, uma vez que o pior mal de todos já Ele lhe fez ao fazer morrer tão boa senhora, o trovador faz em seguida o seu elogio: nunca haverá outra igual, tão meiga, formosa, inteligente e completa ela era. E é por ter feito morrer tão admirável dona que o trovador, na última estrofe, e aludindo à prisão e morte de Jesus, faz votos para que El se veja em poder de Judeus como da outra vez já se viu. E na finda, ele exige a concordância de todos os apaixonados sobre esta matéria. Este registo blasfemo torna-se ainda mais acentuado na cantiga seguinte do ciclo.
Recursos Dobre
(vv. 3 e 7 de cada estrofe)<br><i>mal fazer </i>(I),<i> haver </i>(II), <i>prender</i> (III)