Que mui de grad'eu querria fazer

Nota geral

Embora o deseje muito, o trovador lamenta não saber fazer uma cantiga digna da sua senhora. Para tal seria necessária uma alta sabedoria na arte de trovar. E ele, por mais que pense, não consegue encontrar uma razom (um motivo central) capaz de dar conta da sua beleza e qualidades. De qualquer forma, pergunta, como poderia encontrá-la, se já perdeu a razão e nem sabe bem o que diz? Quem está sujeito a grande sofrimento não pode compor trovas - porque, se o seu único prazer é chorar, também sabe que, chorando, não consegue compor uma boa música. E assim nunca poderá fazer essa bela cantiga: pois, se quer cantar, chora (com a lembrança da sua senhora que logo lhe ocorre).
Como se compreende, a composição vive do paradoxo: uma bela canção que realiza, na prática, o que o trovador afirma ser impossível.
Recursos Palavras Rima
imperf. (v. 2 de cada estrofe, em IV, 3):<br><i>senhor </i>(I, II), <i>sem</i> (III, IV)