Paio Gomes Charinho

Trovador medieval
Nacionalidade
Galega

Notas biográficas

Trovador galego, ativo nas últimas décadas do século XIII. Nascido numa linhagem da pequena nobreza sediada em Pontevedra, Paio Gomes Charinho foi gradualmente adquirindo importância na corte castelhana, acabando por assumir cargos de relevo na corte da Sancho IV. Tendo talvez participado, já muito antes, na conquista de Sevilha (1248), segundo nos informa a inscrição da sua sepultura (mas inscrição essa que pode ser apenas encomiástica), é durante a década de 1280 que a sua ascensão social é mais visível, muito particularmente depois da subida ao trono de D. Sancho, cujo partido tomou nas lutas que o infante herdeiro manteve com seu pai, Afonso X, nos últimos anos do seu reinado. Assim, a partir de 1284, para além de se tornar privado do novo rei, assume o cargo de Almirante do Mar, pelo menos até 1286. Nesse ano, acompanha Sancho IV na sua peregrinação a Santiago de Compostela, onde parece ter ficado, talvez na sequência de qualquer desacordo com o monarca. Seja como for, em 1290 aparece com o cargo de meririnho-mor da Galiza. Após a morte de D. Sancho (1295), intervém nas disputas relacionadas com o complicado processo da sua sucessão, acabando por ser assassinado, nesse mesmo ano, por Rui Peres Tenoiro (que será irmão do trovador Mem Rodrigues Tenoiro).
Sugere Resende de Oliveira1 que a ascensão inicial de Paio Gomes Charinho na corte castelhana terá sido também favorecida pelo casamento de uma sua irmã com João Garcia de Villamayor, mordomo-mor e privado de Afonso X. Quanto ao trovador, casou, em data incerta, com Maria Geraldes Maldonado, de quem teve três filhos, segundo o Nobiliário do Conde D. Pedro (74Q5). Para além dos cargos desempenhados, Paio Gomes foi ainda senhor de Rianxos, em frente da ria de Arousa. Está sepultado no convento de S. Francisco, em Pontevedra.

Referências bibliográficas

1 Oliveira, António Resende de (1994), Depois do espectáculo trovadoresco. A estrutura dos cancioneiros peninsulares e as recolhas dos séculos XIII e XIV, Lisboa, Edições Colibri