Oí eu sempre, mia senhor, dizer

Nota geral

Dirigindo-se à sua senhora, o trovador parte da afirmação, que seria já lugar comum na época, de que uma grande felicidade ou um grande benefício são, por vezes, mais difíceis de suportar (de gerir) do que um grande mal. E espanta-se com tal afirmação: pois está certo de que viveria muito melhor com o favor da sua senhora do que com o seu mal presente. E se ela lho concedesse, como ele lhe pede, de boa vontade passaria esse seu mal aos que têm tal opinião - aos quais Deus deveria fazer viver sempre em sofrimento, para terem oportunidade de confirmar a teoria que defendem.
São, na verdade, pessoas que não sabem amar, nem sabem o que é desejo e sofrimento. Mas, se são felizes, fazem uma traição ao pensarem em qualquer outra coisa que não seja acautelarem esse felicidade. Quanto a ele, só deseja que a sua senhora se lembre do mal que sofre - agirá bem, se fizer isso. Mas, se não o fizer, o trovador garante que a sua vida não mudará, já que ela é todo o bem que deseja.