Diss', ai amigas, dom J'am Garcia

Nota geral

João Garcia (de Guilhade) não tem juízo, diz a donzela: disse que não morria para não lhe dar esse desgosto, passa a vida a gabar-se dela e dele próprio, menciona-a continuamente nas suas cantigas, fala dela no campo de batalha, distribui os presentes que lhe deu, enfim, não tem mesmo juízo nenhum. E é por isto mesmo que ela o faz morrer.
É possível que esta cantiga comece com uma referência direta a uma outra, onde, por interposta voz de um grupo de donzelas, o trovador diz exatamente o que a donzela refere nos dois primeiros versos, elogiando em seguida a sua própria lealdade. Mas é a todo um conjunto de cantigas auto-referenciais (indicadas na referida cantiga) que a donzela (ou seja, a voz feminina criada pelo trovador) se refere aqui, com uma (auto-)ironia de grande inteligência e força poética.