Nota geral
Diálogo em que a amiga da donzela, assumindo a defesa do amigo desta, lhe pergunta por que razão anda ele desesperado, se sempre a serviu lealmente. Se foi por culpa dela, a amiga acha mal. Na sua resposta, a donzela desvaloriza: não sabe bem, dizem que ele ouviu qualquer coisa acerca dela e ficou para morrer.Na segunda estrofe, a amiga afirma que, não sabendo também os motivos concretos, sabe, isso sim, que ele nunca fez nada de errado em relação a ela, motivo pelo qual todos se espantam com tal rompimento. Mas a donzela continua a desvalorizar (o que fará sempre): sim, o facto é que ele anda continuamente em busca de pequenas notícias dela que o façam sofrer.
Na terceira estrofe, a amiga continua a insistir na estranheza de todos face à situação, perguntando-lhe então o que dirá ela se ele morrer. Pois não sabe, responde a donzela, só sabe que essas pequenas intrigas que ele gosta de ouvir não serão motivo suficiente para tal.
Em tom vivo e bastante coloquial (nas hesitações, nas meias-palavras de duas jovens a conversar) este diálogo produz, de facto, um notável efeito de realismo, confirmando o excelente poeta que Paio Gomes Charinho foi.