Nota geral
Contrariando as expetativas do ouvinte/leitor, o trovador começa por dizer que de bom grado suportará os males do Amor por ser grande o bem que recebe da sua senhora - bem este que é apenas, no entanto, como explica no v. 3, poder pensar nela e nas suas qualidades a todo o momento: na sua cortesia, na sua conversa agradável, na sua sensatez, na sua beleza. Que mal poderá ele sentir, pois, enquanto puder pensar nestas qualidades? Agradecendo a Deus ter-lhe dado tal senhora para amar, ele pede-Lhe, também de forma original, que nunca o cure deste mal, nem o proteja contra o Amor, mas que lhe dê antes forças para continuar a servi-la, já que nisso reside toda a sua alegria.Na 3ª estrofe, o trovador faz o seu elogio, descrevendo o seu formoso olhar, o seu riso, as suas palavras sempre acertadas, qualidades que alegram o seu coração e o incitam a servi-la, na esperança de obter o seu favor. Mas acrescenta uma consideração também original: se conseguir, enfim, obter este favor, como poderá mantê-lo e agradecê-lo?
Em forma exclamativa, adianta na 4ª estrofe: quando de lembrará ela dele, de forma a que possa confirmar que o esforço foi recompensado com o justo prémio? Pois, se só em pensar nela tem prazer, para ter o seu favor trocaria tudo no mundo.
E termina, na finda, de forma otimista: o bom serviço receberá sempre o merecido prémio.